sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A caminho de algum lugar

É andando por essas estradas que percebo o quanto ainda falta caminhar. Não importa o quanto eu ande; olho para frente e só vejo o desconhecido. O inusitado. O duvidoso. Encontro sempre um caminho inteiramente novo, mesmo que ele se pareça muito com o de antes.
E os caminhos teimam em se parecer. Basta uma árvore num lugar específico, uma pedra da mesma cor e eu já penso que passei por ali, algum dia. É quando a gente teima nas mesmas ações. Mesmo agora, frente a uma ponte, num abismo de profundidade ignorada, parece que reconheço algumas semelhanças e não consigo deixar de temer o mesmo final. A queda iminente. Nessas horas, duvido das cordas, duvido dos alicerces. Duvido de tudo. Nessas horas, não consigo ver luz na escuridão do abismo. O negrume persiste e parece eterno. Talvez seja.
E logo adiante, um desvio, uma decisão. Uma situação inusitada, que nos leva a fazer escolhas e sofrer as consequências. A rir. A derramar lágrimas. A viver na inércia eterna. E assim continuamos nossa caminhada; ora despertos, ora — e muitas vezes — perdendo a consciência. Perdendo a razão.
E a cada curva, uma paisagem, um instante diferente. Às vezes, gosto de tais surpresas. Às vezes, gostaria de saber o caminho.

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