segunda-feira, 25 de outubro de 2010

o MELHOR abraço ♥

                      "Todo o nada que és é teu": Abril 2009

Ainda não cheguei a conclusão de qual é o melhor abraço. Se é o abraço do começo, ou o abraço do retorno. Explico melhor - Qual o  mais significativo ? Aquele abraço inicial que inaugura emoções em turbilhão, sem premissas e cheio de promessas, que envolve a alma em encantamentos embriagadores ? Ou o abraço do reencontro, da volta e da certeza de que o sentimento não se perdeu e nos pertence, nos merece, nos justifica ? 

Existem abraços que viajam no tempo, que ultrapassam distâncias, que nos invadem peito adentro se enroscando em nossos braços como fios invisíveis e calorosos de ternuras revividas. Abraços que surgem sem aviso anterior, que anunciam bonança e sossego, que vêm como recompensa de rebeldias e ausências equivocadas. 

Lembrar de abraços inaugurais é quase fazer terapia, curso de auto ajuda, remexer nas boas memórias do que nunca adormece. É um fértil e bom exercício. Por outro lado, sentir o abraço apertado da renovação é mais que isso. É a concretização do  que sempre esteve latente e vivo do lado de dentro, onde habitam sentimentos costurados, com as feições de quem já fez morada, permanece com lugar criativo e tem passe livre. Chega quando bem entende e é sempre bem vindo. 

Início ou reinício, nada melhor do que aquele abraço forte num silêncio que fala todas as linguagens, que explica tudo, acerta os ponteiros, aperta as engrenagens, lubrifica a alma. Ao falar sobre o abraço, concluí que o melhor abraço é aquele que chega sem aviso, sem ao menos esperarmos, mas que na memória se fará eterno. 

A supremacia do abraço sobre toda e qualquer manifestação efetiva devia ser decreto-lei promulgado. Impossível deixar guardado o tesouro do abraço em caixas ou compartimentos internosFicar só na vontade é coisa de quem vive pela metade. É incoveniente fracionar a espontaneidade do abraço. Abraço cura, restaura, recupera, sereniza. É medicinal e não possui contraindicações. 

Para a finalidade do abraço é que temos braços longos como escreveu um consagrado poeta. A colheita da vida é feita de braços estendidos que recolhem os bons frutos no aconchego de um abraço. Aliás, a vida quer ser abraçada com ternura. A ternura que ficou escondida no báu do medo. Mede de ser rejeitado, de sofrer decepção, de bater com o nariz na porta. 

Boa idéia a de resgatar abraços. Abraço que foi deixado para depois. Abraço contrariado. Abraço desajeitado. Abraço interrompido. Que urgente se achegue a ternura, trazida em abraços de encontro, de reconhecimento, de aceitação para o bem de todos. 

                                    Texto retirado do jornal e com algumas modificações. Autora - Maria Alice Estrella

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