domingo, 14 de novembro de 2010

sem perguntas , sem respostas

E então eu me vi numa completa e profunda escuridão. Numa perturbadora solidão. O silêncio era algo que não se podia ignorar. Som nenhum havia lá. E isso estranhamente me irritava.
Luzes acenderam, e eu me dei por conta de que não havia ninguém nesse lugar. Esse estranho reconhecível lugar. Tudo era espelho. Paredes, chão, teto. Tudo refletia o medo e desespero que rolavam sob minha face.
Eu suava, mas a temperatura estava agradável, minha respiração estava acelerada, mas tinha muito oxigênio para mim.
Nenhum ser vivo a não ser eu e eu mesma em milhões de pedaços. E a essa altura, eu já havia caído no desespero profundo.
Gritos arranhavam minha garganta, mas nenhum som era produzido. Um agonizante silêncio. Sem perguntas, sem respostas. Eu já não me aguentava mais de medo, meu corpo se desligou da mente, e começou a correr. Correr para o nada. Correr para o mesmo. Olhando para os lados, só se podia ver o medo, era a unica coisa que poderia se sentir num lugar como esse. 
O silêncio era perturbador, nada mais me interessava do que poder ouvir o trânsito caótico São Paulino, com uma creche cheia de bebês famintos, e tudo isso regado a muito heavy metal.
Eu só queria ouvir algo, algo que desse sinal de vida, algo que mostrasse que não sou só eu. Eu só queria poder sair dali, esquecer tudo isso, e nunca mais voltar.
Enquanto eu corria, para lugar algum, corria de mim mesma, eu me perdia. Me perdia na selva de espelhos. E no fim, me vi perdida num lugar onde não se pode se perder.
Como num passe de mágica tudo sumiu, só restou eu, a escuridão, a solidão e o silencioso pedido de socorro, que enfim saiu e soou mais ou menos assim: Me salve, me salve de mim mesma!

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